terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A sombra que lança luz... Píndaro (518 a.C.)


"Com o tempo, a violência abate o orgulhoso.
Não lhe escapou Tifeu, o cilício de cem cabeças nem
decerto o rei dos Gigantes. Ambos foram dominados; um pelo
relâmpago e o outro pelo arco e as flechas de Apolo.
Aristómenes recebeu com disposição benevolente o filho de 
Xenarco , que em Cirra foi coroado com os ramos do Parnasso
e o cortejo dórico.

A ilha, com a cidade da Justiça, não anda longe das Graças, 
pois tem em si os feitos famosos dos filhos de Éaco; desde 
o princípio adquiriu respeito e consideração.
Em primeiro lugar, ela é cantada por ter criado heróis
supremos nos jogos e em combates velozes que trazem
a vitória.

Mas ela distingue-se sobretudo pelos seus homens. 
Falta-me tempo para entregar à lira a longa história e ao 
suave som da voz humana; para que o aborrecimento não
sobrevenha.
O que corre junto dos meus pés é a dívida para contigo, meu
rapaz, o teu último feito esplendoroso deve ganhar asas graças
à minha arte.

(…)

Tu que existes exposto ao que os dias te trazem, o que é ser 
Alguém? O que é não ser Ninguém? O humano é o sonho de 
uma sombra.
Mas quando chega o esplendor dispensado por um deus, há
uma luz brilhante entre os homens e a vida torna-se doce.
Egina, mãe querida, acompanha esta cidade no seu dia de
liberdade, com Zeus e o senhor Éaco e Peleu e Télamon,
homem de bem, e Aquiles!"

Píndaro, Ode VII

sábado, 7 de julho de 2012

Bright Star * John Keats



"Bright Star"

"Bright star, would I were stedfast as thou art –
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors –
No – yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever-- or else swoon to death."
John Keats (1819)
*
"Estrela Brilhante"
"Estrela brilhante, fosse eu constante como tu –
Não em esplendor solitário suspenso no alto da noite
E contemplando, com as eternas pálpebras entreabertas,
Como natureza paciente, Eremita vigilante,
As águas em movimento na sua missão sagrada
De pura ablução nas margens humanas da terra,
Ou contemplando a suave queda da renovada máscara
De neve sobre as montanhas e as charnecas –
Não – mas, sempre constante, sempre imutável,
Atravessada no maduro peito do meu leal amor,
Para sentir para sempre o seu pulsar
Desperta para sempre num doce desassossego
Porém, quieta para eu escutar a sua terna respiração,
E assim viver para sempre – ou então mergulhar na morte."
(tradução minha - Helena Simões da Costa)